À procura de luz na escuridão

Mark Arnold
Mark dirige o programa pioneiro do ministério de necessidades adicionais da Urban Saints e é cofundador da "Additional Needs Alliance", uma comunidade...

Os tempos que estamos a viver são difíceis, não são?
Viver os últimos 12 meses tem por vezes parecido um "Dia da Marmota" sem fim, e o atual confinamento tem parecido mais difícil do que anteriormente devido ao cansaço e ao mau tempo.
Parece tão escuro, e não me refiro apenas aos dias ainda curtos e às noites longas.
Há uma sensação de "escuridão" que, por vezes, parece omnipresente e que afecta a saúde mental e o bem-estar de todos.
É cada vez mais difícil levantarmo-nos de manhã, estarmos motivados para mais um dia que parece ser igual a todos os outros.
E está frio.
Mas há algo que esquecemos demasiado facilmente sobre a escuridão.
A escuridão não é de facto uma coisa, é a ausência de uma coisa.
A escuridão é uma ausência de luz. Onde há luz, a escuridão não é possível.
Não existe.
O que é "luz" para cada um de nós, neste momento, depende da nossa situação individual e da da nossa família.
Será pessoal.
Mas se olharmos com bastante atenção para a escuridão, talvez vejamos uma réstia de luz ainda acesa.
E se a encorajarmos, se a alimentarmos, se nos concentrarmos nela, ela tornar-se-á mais brilhante e afastará a escuridão.
Pode ser que vejamos a luz no sorriso do nosso filho, ou no primeiro vislumbre de um floco de neve ou de um açafrão a lutar para sair do solo.
Podemos ver luz na alegria de fazer um bolo que é realmente comestível, ou no som de um melro a cantar enquanto damos um passeio muito necessário.
Podemos ver luz nos progressos que o nosso filho está a fazer no seu desenvolvimento, talvez pequenos passos, talvez passos que seriam maiores se ele estivesse a receber as terapias que normalmente receberia, mas passos mesmo assim.
Em tempos difíceis anteriores, tempos de "escuridão", descobri que procurar estes sinais de luz e concentrar-me neles ajuda muito.
Li um livro chamado "One Thousand Gifts" de Ann Voskamp.
Nele, Ann encoraja-nos a encontrar três coisas boas em cada dia, três coisas pelas quais dar graças, e a escrevê-las.
Às vezes é difícil encontrar três coisas, às vezes a escuridão está a aproximar-se e é difícil encontrar a luz, mas se olharmos bem, ela está lá, se olharmos bem, podemos encontrar três coisas pelas quais estar gratos.
E se escrevermos as três coisas, eu usei um caderno para o fazer, bastaram alguns momentos no final de cada dia, ao longo de um ano acabamos por ter mil presentes!
Mil coisas positivas para olhar para trás e ficar contente.
Mil centelhas de luz que se juntam num brilho ardente!
Ajudou-me poder olhar para trás, para o meu caderno, para ler as breves notas que foram as "prendas" desse dia. " Hoje, as transições do Tiago foram mais rápidas", "Pudemos sair para o jardim e gostámos de ver que a primavera estava a chegar", "Hoje não houve convulsões"...
Talvez fazer algo deste género o ajude a ver mais a luz e menos a escuridão.
Para vos dar uma lista de coisas pelas quais se devem sentir felizes e gratos.
Para vos ajudar a ver que, mesmo nos dias mais negros, há algo, algo, positivo a que se agarrar, por mais insignificante que possa parecer.
A luz afasta as trevas.
Com o tempo, a primavera substituirá o inverno e chegarão dias mais longos e soalheiros.
A seu tempo, o confinamento terminará e poderemos reconstruir uma espécie de nova normalidade.
Mas até lá, não fiquemos a olhar para a escuridão, mas procuremos os vislumbres de luz e ajudemo-los a arderem nos nossos corações!